13 de junho de 2012

Destino - Ally Condle - Suma de Letras


No futuro, a Sociedade escolhe:
Onde você mora.
O que você come.
Onde você trabalha.
Como você se diverte.
Com quem você se casa.
Quando você morre.



Cassia confia na Sociedade em que nasceu e que define sua vida.
Você não precisa se preocupar com o que vestir, o que comer, que profissão escolher. Você não precisa nem mesmo sentir as angustias e frustrações de um relacionamento desfeito.
A Sociedade escolhe seu par e ele será perfeito para você.

É chegado o dia do Banquete do Par. O dia em que Cassia irá conhecer o homem que a Sociedade diz ser perfeito para ela.
Quando o anuncio é feito e seu par e seu grande amigo Xander, Cassia não poderia ficar mais feliz.
O namoro, como tudo na Sociedade, segue passos e regras pré-estabelecidos.
Para saber como deve agir, Cassia recebe um micro cartão com todas as informações necessárias. Mas sua surpresa é total quando acessa os dados do cartão e o rosto de Xander desaparece dando lugar a outro rosto.

Isso dura apenas alguns segundos. O rosto de Xander volta a aparecer. Porém esses segundo foram suficientes para despertar duvidas em Cassia. Ela conhece aquele outro rosto. Ela conhece Ky.
A Sociedade teria errado? Seria Ky seu par perfeito?
Mas a Sociedade nunca erra.
Um desejo desconhecido brota com força total. Um desejo de escolher.
Escolher entre a segurança de Xander e o mistério de Ky.
Ao começar a trilhar esse caminho, Cassia percebe que nada poderá ser como antes. Porque ela não é mais a mesma.

Destino – Ally Condle – Editora Suma de Letras é um livro intrigante, audacioso, astuto. Ele mexe com o leitor de diversas maneiras diferentes.
Estamos falando de uma Sociedade distópica, onde tudo parece perfeito.
Todos se vestem iguais. A comida chega à sua casa preparada especialmente para você. Nem mais, nem menos. Apenas o necessário para você se manter saudável.
A Sociedade escolhe sua profissão. Escolhe seu parceiro. A época perfeita para ter filhos. Onde morar e como se divertir.
Ao completar 80 anos você tem o seu Banquete Final. O dia de glória onde poderá escolher o que deseja comer. Curtirá o momento com sua família e amigos e morrerá. Sem dores. Sem sustos. Sem medo.

Analisando assim, superficialmente, nem parece tão mau assim. Você não precisa se preocupar com nada. Você só precisa ir dançando conforme a música toca.
O que muitos não percebem é que atrás dessa perfeição esconde-se o domínio.
Durante a transição da era passada para esse novo estilo de vida, a Sociedade decidiu tudo. Ela analisou e selecionou apenas cem obras de arte. Cem poemas. Cem músicas. Cem livros. Todo o resto foi destruído.
As crianças nunca mais aprenderam a escrever. Apenas a digitar em terminais completamente fiscalizados.
Nada de novo é criado.

Você não pode criar, não pode desejar, não pode escolher.
Muitos acham que é um preço pequeno a se pagar pela paz conquistada.
Cassia também pensava assim.
Mas ao morrer, seu avô lhe entrega um poema perdido. Um poema que não faz parte dos cem. Isso somado ao rosto de Ky e a incerteza se ele poderia ou não ser seu par, muda Cassia para sempre.

As certezas a abandonaram.
Quanto mais tempo passa com Ky, mas se apaixona por ele, mesmo que continue amando Xander.
Sua mente fervilha de ideias. Seu coração anseia por algo desconhecido e incompreensível.
Ela quer escolher. Ela quer pensar. Ela quer criar.
Algo de muito errado está acontecendo, Cassia tem certeza disso. A Sociedade parece prestes a ruir e talvez suas ações prejudiquem todos aqueles que ela ama. Mas Cassia decidiu que não irá desistir.

O livro é narrado de forma muito intensa. Você passa o tempo todo pesando os prós e os contras dessa Sociedade. E mesmo com tudo de errado que existe em nosso mundo, ainda prefiro o direito de pensar, criar, escolher.
Mas percebi que tem algo por trás de todos esses acontecimentos com Cassia.
A Sociedade é uma maquina complexa e perfeita que nunca erra. Ela teria mesmo cometido um engano, ou tudo isso foi preparado, premeditado.
O final foi eletrizante. Senti vontade de gritar de frustração, de angustia, de esperança.
Estou contando os minutos para ler Travessia. Espero que a autora consiga manter o ritmo e a fluidez da escrita.
Se você ainda não leu está perdendo uma história incrível, uma redescoberta do sentido da vida e do poder de suas decisões.