...Maria resolveu morrer, porque não tinha nada para comer, nem para amar.
Num lugar onde homens mascavam terra na esperança de encontrar formigas ou ovos de insetos e as mulheres brigavam por ossos, ninguém acreditaria que um gato ainda estivesse vivo. Pág. 09
- Seu irmão está morto. Foi levado como comida. Você entende? Da mesma forma que você caçou o gato, alguém estava caçando vocês. Entende? Pág. 24
União Soviética, 1953. A mão de Stalin nunca esteve tão impiedosa. Em seu governo, o líder opressor faz o povo acreditar que o país está livre dos crimes. Mas quando o corpo de um menino é encontrado nos trilhos de uma ferrovia, o agente Liev Deminov se surpreende ao saber que a família da criança está convencida de que houve um assassinato.
Deminov recebe ordens para ignorar o caso, mas se vê determinado a ir atrás do criminoso, mesmo sabendo que poderá se tornar um inimigo do Estado.
Um livro pesado. Que mostra de forma clara como o ser humano pode ser cruel. Uma época cruel, aterrorizante. Em que você não vive. Sobrevive. E para sobreviver, as pessoas se acusam mutuamente sem provas nenhuma, apenas na esperança de desviar o foco de si mesma.
E provas não eram necessárias. Se você fosse acusado de um crime, qualquer tipo de crime (e até mesmo pensar ser contra o governo era crime), tudo estava acabado. Não importava se você era ou não inocente (o que acontecia na maior parte do tempo). Você ERA culpado. Torturado. Punido.
É difícil falar sobre esse livro. Só posso dizer que foi uma leitura que mexeu comigo. A fome. O medo. A impunidade. O terror. Tive vontade de chorar, gritar e bater a maior parte do tempo.
Leia e se surpreenda com a maldade da qual o “ser humano” é capaz.
Só faço um adentro para as “aventuras” de Liev, pois só mesmo em um livro tudo aquilo seria possível.