29 de abril de 2011

Criança 44

...Maria resolveu morrer, porque não tinha nada para comer, nem para amar.
Num lugar onde homens mascavam terra na esperança de encontrar formigas ou ovos de insetos e as mulheres brigavam por ossos, ninguém acreditaria que um gato ainda estivesse vivo. Pág. 09

- Seu irmão está morto. Foi levado como comida. Você entende? Da mesma forma que você caçou o gato, alguém estava caçando vocês. Entende? Pág. 24


União Soviética, 1953. A mão de Stalin nunca esteve tão impiedosa. Em seu governo, o líder opressor faz o povo acreditar que o país está livre dos crimes. Mas quando o corpo de um menino é encontrado nos trilhos de uma ferrovia, o agente Liev Deminov se surpreende ao saber que a família da criança está convencida de que houve um assassinato.
Deminov recebe ordens para ignorar o caso, mas se vê determinado a ir atrás do criminoso, mesmo sabendo que poderá se tornar um inimigo do Estado.

Um livro pesado. Que mostra de forma clara como o ser humano pode ser cruel. Uma época cruel, aterrorizante. Em que você não vive. Sobrevive. E para sobreviver, as pessoas se acusam mutuamente sem provas nenhuma, apenas na esperança de desviar o foco de si mesma.
E provas não eram necessárias. Se você fosse acusado de um crime, qualquer tipo de crime (e até mesmo pensar ser contra o governo era crime), tudo estava acabado. Não importava se você era ou não inocente (o que acontecia na maior parte do tempo). Você ERA culpado. Torturado. Punido.
É difícil falar sobre esse livro. Só posso dizer que foi uma leitura que mexeu comigo. A fome. O medo. A impunidade. O terror. Tive vontade de chorar, gritar e bater a maior parte do tempo.
Leia e se surpreenda com a maldade da qual o “ser humano” é capaz.
Só faço um adentro para as “aventuras” de Liev, pois só mesmo em um livro tudo aquilo seria possível.